terça-feira, 16 de agosto de 2011


Um vazio foi tomando conta dentro de mim, desses vazios que doem e fecham a boca do estomago. Uma saudade dele, uma saudade deles. O avião demorava de sair da pista por conta de um engarrafamento aereo, uma vontade de chorar contida ia aumentando nas entranhas, sem conseguir sair. A aeromoça com aquele sorriso de doer a bochecha me deixou triste (e se ela estivesse num mal dia?), os três argentinos “pelotudos” que se sentaram atrás de mim me deixaram incomoda, empurrando a cadeira e falando alto e num espanhol que até eu falaria melhor. Não conhecer ninguém ali dentro me deu um medo e as turbulencias que seguiram toda a viagem me aterrorizaram. Por fim dormir, dormi bastante, acho, e quando acordei tudo já era mais aceitável, a dor já não me incomodava tanto e a vida pareceu seguir um rumo não tão difícil.

As lembranças de sensações como as que eu passei estarão comigo por um bom tempo e tenho amor em estoque.

Buenos Aires me recebeu umida e não tão fria como eu esperava. As pessoas me pareceram menos histéricas e neuróticas. E minha casa, minha amiga e minha gata me abraçaram.

Viva o inverno na Bahia!

quinta-feira, 27 de maio de 2010


De repente me vi frente a duas meias diferentes. Uma felpuda e já amaciada e muito cofortável. A outra era nova. Mais fininha e mais justa. Roupa nova sempre me deixa com vontade de usar logo depois de adquiridas.
Na verdade nem faz frio pra usar meias. Näao, faz sim. Umas meias agora cairiam muito bem. As duas meias tem lugares pra colocar os dedinhos, e um ponto de interrogacäo paira sobre meu juízo. "Porque tanta dificuldade em escolher uma meia?" Vocë deve estar se perguntando. E eu te repondo que säo meias especiais, e já näo consigo me imaginar sem elas (inclusive a nova). Que apegada, näo?
Vou escolher a meia mais justinha. Nem faz TANTO frio assim. Espero que felpuda meia de dormir, e sair de chinelos näo se rompa com o tempo guardada na gaveta. Afinal, é a melhor meia que já tive na vida.

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Está nublado, faz mais de um mês que eu só uso preto. To numa felicidade que não cabe em mim.
Um senhor pra quem eu perguntei informação, me perguntou se eu era de Buenos Aires, hoje.
Acabo de chegar da Praça do Congresso, onde estavam o Yoni e o Guilherme. Saí mais cedo da aula (na verdade fui só entregar um trabalho), ganhei bronca da professora louquinha e fui ao encontro deles. Existem coisas na vida que valem mais que qualquer fortuna imaginável. E dar um abraço no Yoni valeu isso. O Yoni é um garoto que eu conheci quando morei em Israel no ano de 2005. A família dele (Pai e mãe brasileiros) recebia alunos, da escola onde eu estudei. E me receberam boa parte do ano. Com braços muito abertos, o Yoni principalmente. Me levavam pra viajar, me presenteavam com entradas pra festivais de música, me levavam pra passar as datas festivas na casa da família, com almoços e jantares, aniversários, enfim... Me tratavam com alguém da família. O Yoni ta passando um tempo em Porto Alegre e hoje ele e o Guilherme (Garoto de Porto Alegre também) com quem eu morei quando estive na “Terra Santa”, me ligaram dizendo que estavam chegando em Buenos Aires (vieram para o jogo do Inter que vai ter em Quilmes), e iam ter um tempinho pra me dar um abraço se eu fosse encontrar com eles. Prontamente avisei a professora e fui. Por pouco não chego a tempo. Foram cerca de 20 minutos o tempo que passei conversando com eles, mas valeu de uma forma gigante no meu coração.
Vim sorrindo o caminho inteiro até chegar em casa.
Anteontem conheci Belgrano. Acho que vou procurar apartamento por lá próximo mês. Fui num lugar que chama Bairro Chino (dentro de Belgrano). Nunca fui na Liberdade, em São Paulo, mas imagino que seja parecido.
Ontem conheci San Izidro de dia. Passeei e tomei mate. Já sou quase uma porteña, tomo mate até sozinha em casa. San Izidro é um dos lugares mais lindo que já vi. Não sei se é porque tem muito tempo que não vejo uma beleza mais “natural” e to me acostumando com o clima de Buenos Aires, mas me pareceu um lugar perfeito para se viver.
Me dá vontade de gritar aos quatro ventos as freqüências do meu coração.
Foto em San Izidro.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Inteira"


Venho percebendo muitas mudanças quanto a meus hábitos e comportamentos. Primeiro essa mudança de gostar de estar só (acho que foi a maior até agora). Segundo a certa tranqüilidade relacionada a “problemas” (entre aspas porque na verdade não chegam a ser problemas), para lidar com algumas atitudes que em outros tempos me deixariam fora de eixo. Não me estendo aqui, porque são atitudes que não dizem respeitos só a mim, mas em suma, a minha forma de ver as coisas mudaram, e agora eu me sinto mais ponderada e vejo algumas coisas com uma claridade que antes não via. É como se diminuísse um pouco do desespero e da insegurança para com algumas situações. Não sei se me faço clara. E em escalas menores, algumas mudanças quanto a uma rotina. Agora eu gosto de usar relógio, apesar de continuar detestando o “tic-tác” que ele faz. O meu graças a Jáh é silencioso. Tenho tomado café todos os dias, e isso é uma mudança radical em meus hábitos alimentares. Nunca fui de tomar café da manhã. Em compensação, como o fato de que minhas aulas são na maioria das vezes, no meio da tarde, acabo não almoçando. O café da manhã reforçado ajuda nesse ponto. Adoro limpar a casa e sentir aquele cheirinho de limpeza depois, principalmente quanto acendo o aromatizador depois da faxina (será que isso interessa a alguém? Hehehe).
Na faculdade vai tudo bem. Tive duas provas essa semana, uma de semiologia e outra de pensamento científico. A de semiologia respondi só metade, porque fiz um rascunho e a professora me “arrancou” a prova quando deu o tempo (nota: próxima vez, nada de rascunhos) e o professor de semiologia prática disse que talvez no exame prático final (que vai ser uma pequena monografia) eu possa escrever em português, o que me deixou feliz. A prova de pensamento científico eu não faço nem idéia de como fui. Estou melhorando em desenho, estão ficando mais bem feitos e eu to começando a entender e gostar da matéria. A professora elogiou meu progresso. Em proyectual a professora também tem falado que eu tenho progredido, mas ela é meio louquinha e eu nunca sei se ela fala pra se livrar de meus questionamentos ou se realmente eu tenho progredido e pode ser que ela me passe. Algumas pessoas na faculdade são bem legais comigo. Se esforçam pra me ajudar, me chamam pra sair, se importam.
Esse final de semana fiquei doente, passei o domingo inteiro fazendo trabalho, mas foi perfeito. Vi um dos melhores shows de minha vida. Ed Motta é incrível e eu não acredito que precisei vir a Bs. As. Pra ouvir esse homem. Foi quase uma Jam, os músicos mais que copados.
Fora isso a Bahia ta invadindo a Argentina. No aniversário da cidade Caetano tocou e recebeu o título de cidadão e no bicentenário Gil vai tocar e eu voooou!
Acho que é isso... Espero não ter “aburrido” muito vocês.

quarta-feira, 5 de maio de 2010


É diferente quando a gente vai se dando conta de que seu lugar pode não ser exatamente o lugar físico em que você se encontra. E mais diferente ainda, quando você vai perdendo um pouco da noção do que é o “seu lugar”.
Fez dois meses que eu cheguei em Bueno Aires, mas parece mais que foram seis.
Já me senti plena, já me senti vazia. Estou começando a descobrir as maravilhas do que é morar só. Ás vezes torço pra terminar o que tenho que fazer em qualquer lugar, só pra estar sozinha em casa. Estou começando a ver beleza nas pessoas daqui.
Meu coração anda vagabundo como só Caetano poderia explicar. Com isso, vem um pouco do vazio, um vazio que inunda o sentido que deveriam ter as coisas. E por falar em Caetano, vi um show dele, de graça, numa praça daqui. Foi lindo.
Meu computador está com vírus e por isso não posso baixar discos, entrar no msn, ver filmes... Me angustia um pouco, mas vou achar alguém pra fazer uma formatação.
Cada semana tem sido de uma intensidade diferente, essas duas últimas sem sombra de dúvidas, foram as melhores.
Descubro a casa dia que passa, como venho me tornando uma pessoa bem resolvida. Isso tem me deixado satisfeita. Mas ainda tenho muito trabalho pela frente.
Sinto muita saudade de casa, dos amigos, do amor e do carinho com o qual melhor me acostumaram, mas vou seguindo, as vezes forçadamente, as vezes(como esses últimos tempos) de forma leve e inteira.
Foto tirada por Ila na semana passada, na Plaza Serrano, em Palermo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Conquistando a vida porteña!


Estou fazendo uma demorada pesquisa sobre queijos. Para começar, Brie e Camembert são praticamente iguais, e queijo de cabra é o que há! To apaixonada!!!!!
Decidi que vou comprar um vinho por semana. Já tenho um aqui. Dia desses eu abro pra experimentar.
To tentando curar meu mate sem que fique com fungos depois. Estou tendo umas dificuldades, mas me mandaram colocar alguma bebida alcoólica agora. Comprei a vodka mais barata de todas e vou tentar hoje.
Uma caixa do supermercado já sabe meu nome e super conversamos. Todo mundo pra quem eu sorrio, sorri de volta. Os porteiros da rua me cumprimentam quando eu vou pra a faculdade e todos os que trabalham na vendinha do lado também.
Fiquei muito emocionada com as homenagens do blog que Pó criou.
Dinho continua sendo incrível comigo.
A faculdade ta pegando pesado, mas ta legal. Espero dar uma melhorada massa nas minhas notas, to me esforçando. Já estou falado espanhol um pouquinho melhor.
Conheci pessoas legais esses tempos. To feliz com isso. Ainda me sinto culpada de sair, acabo sempre indo dormir tarde e acordo cansada pra estudar. Mas como diz Gabriel: “Jovem tem mais é que se fuder”.
To incrivelmente feliz. Minha “regra” veio e não me trouxe desequilíbrio pela primeira vez em muito tempo.
Essa madrugada eu tive minha primeira “pesadilla”. Acordei assustada, mas depois consegui voltar a dormir. Eu tava cansada na terça, mas consegui “esfriar” muito a cabeça. Ou fazer ela, se é que vocês me entendem.
Agora pequeno dicionário:
Chapar e Transar = Ficar (se um(a) argentino(a) te chamar pra fazer um dos dois, não se confunda. Ou melhor... se confunda sim. hehehehe)
Já disse que queijo de cabra é o que há?

domingo, 18 de abril de 2010

Ismos e entos


Às vezes perdemos o foco, fica tudo um pouco embaçado.
Andei uns dias um pouco desfocada.
Tenho aprendido que eu não estou solitária. Tenho aprendido que adoro estar sozinha. Tenho aprendido que eu existo pra ser livre, e nada pode me tirar isso. Minha liberdade é tão completa que mesmo o que me limita é por pura vontade minha, e vamos e convenhamos, não existem limites na minha vida.
Tenho aprendido também um pouco do que é se esforçar. Outro dia aclarei minhas idéias quantos aos momentos de vazio e confusão, onde a vontade e empolgação para com as coisas desaparecem. Bom, espero que continuem iluminadas.
Vamos às novidades: As coisas na faculdade estão caminhando, o desespero está passando, a animação vem e vai, os professores são ótimos, os colegas estão se mostrando pessoas legais também, meus horários são cretínos, meu vocabulário está aumentando. Não tenho saído muito, adoro ficar em casa, seja estudando, vendo filme, ou de bobeira. To engordando e pensando em entrar em algum tipo de grupo de atividade física ou lúdica, ou os dois. Ontem fui a um aniversário, conversei com pessoas legais. Hoje fui a San Telmo conhecer a Letícia a amiga de Kenio e a mãe dela. Que pessoas lindas, velho! Fiquei feliz ao lado delas. Comprei minha primeira caneca térmica e uma blusa com Lenon. Fiz uma salada bala, to ficando especialista nelas. Kinder Bueno é o melhor chocolate, ever! Hoje teve a minha primeira chuva de granizo! Eu era só emoção com as pedrinhas batendo na minha janela! Uhuuuuuuuuuuuuuuu! Ainda bem que eu tava em casa, já. Amanhã vou sair pra algum lugar depois da aula. Não sei onde ainda e nem com quem, mas vou! To ouvindo Jethro Tull e adorando.
De uns tempos pra cá venho aprendendo comigo mesma, de forma sincera e honesta, ou seja, aquele aprendizado que crava na carne, que as pessoas precisam ser cuidadas dentro da gente. E o importante mesmo não é a relação que você tem com elas, pra elas e sim a relação que você tem com elas pra você. E quando eu digo relação não é a de se ver, brigar, estudar ou dar um rolê, mas sim a relação de contruiu e independente de existir ou não num plano físico, existem no seu coração. A paciência é a chave da vida sem rugas de expressão. Tenho exercitado minha auto-análise e sempre tentando descobrir de onde vem o meu incomodo. Isso me deixa mais livre e mais consciente dos meus sentimentos. Tenho tentado me dar conta de todos os sentimentos físicos da angustia, tristeza, ou seja lá o nome que damos pra cada sentimento que nos aparece e nos incomoda. Nosso estomago é sem sombra de dúvidas o centro de todos eles.
Sem mais delongas, preciso de certo egoísmo, de certo individualismo, de certo internamento, de certo discernimento, de certo acompanhamento, comigo mesma.
Foto em San Telmo